terça-feira, 20 de novembro de 2012

Desesperado

Ontem eu tive que ir em Juiz de Fora a trabalho. Viagem do tipo bate e volta, sem pernoite. O carro passaria para me buscar às 6h e eu pedi à Luiza para botar o celular dela para despertar às 5h. No meio da madrugada parecia que existia um compressor de aquário no meu estômago. A cutucada surgiu forte e eu fui ao banheiro. Fiz tudo no escuro para não despertar e na volta preferi não olhar o relógio para não desesperar. Deito na cama, aliviado mais ou menos.

- Newton, são 04:30h...

Não deu tempo nem de lamentar. Novas borbulhas e novas cutucadas. Volto ao banheiro. Diarréia. Mesmo assim eu me arrumo e olho a rua pela varanda no exato momento que chega o carro. O danado está cinco minutos adiantado. Entro no carro e aviso ao motorista sobre compressores de aquário e cutucadas e digo que se não melhorar até a busca do terceiro passageiro eu volto para a minha casa.

O motorista corre para Copacabana num trânsito ótimo de uma segunda-feira por muitos enforcada e entra na Toneleiros. O espanhol entra. Juan Pablo, a testemunha do meu rosto abatido.

- O GPS não está achando esta tal de Travessa dos Tamoios.

- Digita só "Tamoios", num tom de quem já apanhou muito de navegador GPS. Para falar a verdade, eu nunca tinha ouvido falar em Travessa dos Tamoios. Fica no Flamengo.

- Achei.

Por um milagre de Nossa Senhora de Copacabana o compressor desligou. Estava me sentido tão aliviado. Entra a Priscila.

- Pode ir à Juiz de Fora!- Foi só falar que o compressor liga de novo. Por sorte, a Priscila, como todos nós, não tinha tomado café da manhã e sugeriu a Casa do Alemão. "Desativarei a bomba relógio no banheiro do Alemão", pensei.

Como era de se imaginar, o percurso aterro do Flamengo / Perimetral / Linha Vermelha / BR040 durou uma eternidade cruel, mas logo após a REDUC vemos o meu oásis intestinal. O carro diminui a velocidade e começa as manobras para estacionar. A cutucada está cada vez mais forte e abusada, mas tudo bem, dentro de cinco minutos estarei livre, leve se solto.

Neste instante a Priscila acorda do cochilo e diz:

- Moço, eu prefiro aquela Casa do Alemão que fica na entrada de Petrópolis.

sábado, 10 de novembro de 2012

Orgulho familiar

Esta semana descobri que no Google Livros tem várias edições da revista PLACAR, da editora Abril. Digitei o nome do meu irmão #1 e apareceram várias matérias.

Deu vontade de chorar quando eu vi uma capa em especial: ele cobriu o campeonato mundial de basquete de 1986 e, a partir do momento que embarcou, a minha falecida mãe toda a semana comprava a revista para ver se publicaram alguma reportagem dele. Um dia saiu uma longa e bem escrita matéria de cinco páginas (!!!) na revista.

Todos os irmãos mais novos da família Trololó devem a ele um futuro melhor.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Obama Gonzalez

A derrota republicana mostra claramente a latinização dos Estados Unidos. Está nos mapas de apuração: quem elegeu o Obama foram os descendentes de latinos não-cubanos. A mensagem e a ideologia dos republicanos espelham uma colonização britânica e protestante. A cultura latina espelha uma colonização ibérica e católica. Como diria a Bruna Surfistinha, não iria rolar uma química mesmo. A maior prova deste fato é que, por aqui, até jornalista de direita torce por Obama.

O republicano prega o Estado mínimo, o latino quer que o Estado cuide dele. O republicano quer tirar impostos das empresas e dos ricos, o latino não liga se aumentarem os impostos, desde que ele não pague a conta. O republicano acha que fábricas falidas e mal administradas devem quebrar, o latino acredita numa relação afetuosa com as empresas e o apoio do BNDES à indústria nacional. O republicano acredita na impessoalidade e no mérito, o latino ama as relações pessoais e a influência em benefício próprio. O republicano é individualista, mas respeita os direitos coletivos, o latino diz que os outros é que são egoístas e faz este discurso enquanto suja as ruas, coloca som alto e muito mais.

Os EUA é uma terra de imigrantes: ingleses, irlandeses, italianos, indianos, judeus, portugueses. Todos se adaptaram relativamente bem à cultura norte-americana. O latino está conseguindo mudar o país por meio do voto silencioso.