quinta-feira, 2 de junho de 2016

Inverter ou convencional?


Um colega perguntou se vale a pena comprar um ar condicionado tipo "Inverter". Esta tecnologia controla a temperatura pela rotação do compressor, que fica sempre ligado, e não pelo modo convencional "liga e desliga".

Uma coisa que pouca gente de eletrônica sabe é que motores de indução não devem ser partidos a toda hora. Aquilo que fazem nas máquinas de lavar é um crime.

Quando você parte um motor de indução as barras internas do rotor se comportam como um curto-circuito. Com o tempo, o rotor vai pegando rotação e este curto vai "desaparecendo".

A figura acima mostra o modelo matemático de um motor de indução:

Quando o motor parte, o fator de escorregamento s é unitário porque ele está totalmente parado. Sendo assim, a limitação de corrente ocorre por meio de R2, a resistência do rotor, e X2, a indutância do rotor. O fator ((1-s)R2/s) é nulo.

Isto explica porque a corrente de partida ou de rotor travado é bastante elevada, a ponto de uma partida de um ar condicionado poder diminuir momentaneamente o brilho das lâmpadas, pois X2 e R2 são muito baixas.

Repare que se o rotor estiver na mesma rotação da rede, s = 0 e o fator ((1-s)R2/s) será infinito, isto é, não existirá corrente nas barras do rotor, mas também não haverá torque. Por isso que motores de indução sempre tem um pequeno escorregamento: um motor de 1800 rpm nominais roda a 1750 rpm, por exemplo.

Mas voltando ao problema de partir o motor com bastante periodicidade: a alta corrente de partida nas barras do rotor vai, com o tempo, danificando as barras, elevando a sua resistência R2. Com isso o torque cai e o motor vai ficando "fraco" com o tempo.

Isto demora, mais ocorre. Minha guerreira LE750 já está visivelmente fraca na centrifugação (sim, o capacitor de defasagem é novinho).

No caso dos modelos inverter, você troca um problema que ocorrerá com o tempo (a minha lavadora tem 15 anos de uso lavando roupa de gordo) com 100% de certeza por um problema que probabilisticamente tem grandes chances de ocorrer em 5 ou 6 anos: a queima do inversor.

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