quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Estoque grande é perda de dinheiro

Vários transistores obsoletos. Alguns novos, sem uso.

Acho que vou fazer um museu.


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Consertando luminária de emergência

Os pinos sairam da tomada. Resolvi trocar todo o cabo, pois o original é muito curto.

 Retire a tampa de acrílico. Ela é encaixada.

 Por trás, desencaixe a placa frontal, forçando levemente com o polegar.

Placa frontal retirada

Remova a bateria.

Remova o botão seletor.

Remova o parafuso que fixa a placa.


Placa removida.

Placa desconectada. Vou soldar por trás e manter o conector original.

Com uma chave de fenda de relojoeiro, raspe com cuidado para tirar o verniz verde até o cobre aparecer.

Placa raspada.

Com um ferro de solta, estanhe a área raspada.

Solde o novo cabo.

Faça um nó no cabo de força e remonte tudo.

domingo, 12 de julho de 2015

Consertando uma pipoqueira elétrica

Esta pipoqueira eu comprei nos EUA e foi uma pechincha, mas como todo mundo tem o seu dia de idiota, eu coloquei sal junto com o milho e o sal corroeu parte do metal e travou o motor do ventilador interno. Semana passada, quando eu fui usá-la numa festinha junina, o motor do ventilador estava travado e, sem circulação de ar, a temperatura subiu muito rápido, queimando o fusível térmico e derretendo um pouco do impelidor do ventilador.

Esta análise foi feita depois que eu abri o aparelho pela primeira vez, claro. Como eu precisava comprar um novo fusível térmico, remontei-a toda para não correr o risco de não lembrar como é a correta montagem. Fiz este pequeno tutorial para ajudar alguém que tenha o mesmo problema, pois parece que este modelo de pipoqueira é muito comum (pelo menos no exterior) e alguns fazem uma adaptação para transformá-la num torrador de café.

 Este é a pipoqueira com defeito. O princípio é sempre o mesmo: ar quente estoura o milho que, menos denso, é ejetado.

 Retire os seis parafusos tipo philips da base da pipoqueira

Base retirada com os seis parafusos. Repare a corrosão provavelmente provocada pelo sal de cozinha

 A pipoqueira vista por dentro, no centro uma placa de impresso soldada no fundo do motor.
 
O interruptor atrapalha um pouco o processo de montagem e desmontagem por isto...

 ... remova-o apertando as abas internas com um alicate de bico e ao mesmo tempo empurre a peça para fora

O interruptor sairá pela frente. Cuidado para não danificar ou arranhar o acabamento externo.

 Visão geraç do corpo, conjunto eletromecânico, interruptor e tampa inferior.

Remova os quatro parafusos do conjunto eletomecânico. Se você não tem boa memória, recomendo marcar a posição com um produto tipo "Toque mágico" ou "Liquid paper".

Conjunto eletromecânico desmontado. Repare o impelidor torto pelo calor.

 Com firmeza, puxe o impelidor pois ele é preso no eixo do motor por pressão. Mais uma visão do dano pelo calor. Como não foi muito grave, não fiz nada, se o empenamento batesse em alguma parte do conjunto eletomecânico teríamos duas saídas: tentar consertar com um soprador térmico ou fazer um novo impelidor com uma impressora 3D.

 Resistências elétricas de aquecimento. A principal apresenta cerca de 12 Ohms e a de alimentação do motor em torno de 70 Ohms.




 Medindo a resistência do motor.

 O fusível térmico ficará entre estes dois pontos. É uma parte delicada porque ele tem que ser firmemente encaixado e nunca soldado.

O fusível térmico. Leia com cuidado o que está escrito. Neste caso é de 216 graus Celsius e deve ser substituído por um com as mesmas especificações.

 Levante com cuidado o contector e envie o terminal por dentro.

Com uma chave de fenda de precisão, levante a outra aba e faça uma curva no terninal

 Termine de ajustar e forçar com cuidado com a ajuda de um alicate de bico.

Fusível remontado.

 Conferindo a instalação, fazendo a medida passar pelo fusível.

 Antes de recolocar o impelidor coloque uma gota de óleo de máquina de costura na ponta frontal do eixo do motor e...

 ...na ponta traseira.

Remontando o conjunto.

Mais informações com o esquema elétrico e ensinando a transformá-la numa máquina de torrar café neste link.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

And the winner is...

Em 2000, quando eu e a Luiza nos casamos, surgiu uma dúvida que nos atormentou durante anos: qual seria o eletrodoméstico que duraria mais? Não valia nada que não fosse elétrico nem que fosse de uso esporádico. A faca elétrica que usamos umas 7 vezes por ano foi descartada pois seria uma competição injusta.

Para a surpresa geral, quase 15 anos depois, a disputa permanecia duríssima e empatada. De um lado a lavadora de roupas Electrolux LE750. Do outro lado - pasmem - um forno de microondas da CCE. Os dois guerreiros eram acionados diariamente e tinham uma vida louca. Eu imagino que a Electrolux tenha cumprido com honras e glória uns seis mil ciclos completos de lavagem.

Mas na semana passada algo ocorreu e o CCE morreu. Funcionava, no entanto não esquentava. Pensei que fosse o sensor de porta aberta, trocado há pouco tempo. Infelizmente foi a válvula Magnetron.

A Magnetron é o coração de todo forno de microondas. É ela quem produz, de fato, as microondas que esquentam a sua lasanha congelada. Por ser tão antigo, não encontrei a peça original para trocar, embora alguns ainda vendam Magnetrons usadas no Mercado Livre.


 Descanse em paz, amigo



 A Magnetron



 É isto mesmo que você está lendo: Panasonic e fabricada no Japão. Coisa boa.

Como não vivemos sem o forninho, já compramos o substituto que, em sutil homenagem ao CCE, é um Panasonic fabricado em Manaus para ajudar o povo da regiáo norte pois este ano a coisa está feia.

sábado, 25 de outubro de 2014

Mulheres que amo

TOP5 das mulheres que eu me derreto todo quando vejo na TV:


Número 5 - Laura Pausini, cantora italiana.






Número 4 - Patrícia Poeta, jornalista brasileira.







Número 3 - Rihanna, cantora natural de Barbados (quem nasce em Barbados é o que?)





Número 2 - Cris Vianna, atriz brasileira.



 

Número 1 - Rebecca Romney, especialista em livros raros norte-americana. Presta consultoria no programa "Trato Feito" (Pawn Stars) do History Channel.






sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Proposta #2 - incentivo ao investimento

Na proposta anterior eu ofereci uma solução para diminuir os custos de aprisionamento dos criminosos e, simultaneamente, incentivar as nossas exportações.

A proposta agora visa incentivar o crescimento econômico e a geração de empregos e ao mesmo tempo preparar a população para uma reforma profunda no sistema de aposentadoria.

O "senso comum" diz que o brasileiro não poupa. A teoria macroeconômica clássica diz que sem poupança não há crescimento. O brasileiro poupa muito compulsoriamente sob a forma de FGTS e Previdência Pública. O problema é que, na prática, a maior parte desde dinheiro não vai para a construção de estradas, ferrovias, portos e fábricas e sim para o caixa do governo. O resultado é o nosso crônico baixo crescimento.

A ideia então é estimular a poupança interna e não o consumo, pois mais poupança gera mais investimento que gera mais empregos e ofertas de bens, baixando os preços.

Proponho então a criação de um tipo de investimento especial a que chamei de PAI, visando o longo prazo e a geração de renda na velhice. Ao contrário dos planos privados de previdência atual, o PAI não investiria um tostão em títulos públicos ou qualquer outra forma de financiamento da máquina pública, apenas na produção.

Como o foco é a velhice, imaginei um sistema garantidor de renda mínima para dar mais segurança ao investidor participante, protegendo-o efetivamente na velhice ao mesmo tempo que priorizei um sistema de longo prazo, desestimulando especulações por parte do cidadão participante e do administrador do plano.

Eis as regras:

1) O governo cria um programa de incentivo à previdência privada. Neste plano, as benesses fiscais são as mesmas dos planos privados tradicionais atuais (PGBL e VGBL). Vamos batizá-los de Planos de Aposentadoria e Investimento - PAI;

2) Só seriam considerados PAI planos que investissem 100% em ações ou títulos privados, mas vedando a aplicação em instituições financeiras (para evitar que elas peguem este dinheiro e comprem títulos públicos). O dinheiro não poderá em hipótese alguma financiar a máquina pública;

3) As empresas que recebessem estes recursos não poderiam aumentar o nível de investmento em títulos públicos ou financiamento da dívida pública. A ideia é que este dinheiro seja usado para ampliar a produção e não manter a ciranda financeira do governo. Se uma empresa vale 1 milhão e tem 50 mil em Títulos Públicos antes de aderir ao PAI, se ela, aderindo ao PAI, passar a valer 2 milhões só poderá possuir 100 mil em Titulos Públicos;

4) Os títulos privados não poderão render menos de 4% ao ano acima da infação, já descontados os impostos.

4.a) Os fundos PAI somente poderão comprar títulos privados de empresas de sociedade anônima com ações negociadas na BOVESPA e com o maior nível de governança corporativa possível atestada pela CVM e BOVESPA. Esta medida é para estimular a criação de Sociedades Anônimas com elevado nível de transparência;

5) Caso as ações em 10 anos rendam menos que 4% ao ano acima da inflação o governo cobre a diferença, garantindo um rendimento mínimo de 4% ao ano. Por outro lado, caso em 10 anos as ações rendam mais que 8,5% ao ao acima da inflação, o governo fica com o que passar. Isto é para dar uma certa previsibilidade a aposentadoria de quem participa. Como historicamente as ações rendem dentro desta faixa, provavelmente o governo não gastará nem receberá nada;

5.a) Caso o governo receba, este dinheiro vai para Educação;

5.b) Caso o governo pague, este dinheiro sai do Tesouro Nacional;

6) Quem entrar ficará por 10 anos, no mínimo, e não será possível recolher o dinheiro antes deste prazo, salvo doenças gravíssimas (AIDS e Cancer) ou morte;

7) Quem entrar, descontará no contra-cheque o valor acertado e este dinheiro vai mensalmente para o fundo PAI durante 10 anos. Anualmente os valores de contribuição poderão ser revistos para cima ou para baixo . A partir do décimo ano a saída ou permanência no PAI é livre e sem multas;

7.a) O valor mínimo "para baixo" é 10% do maior valor já pago. Por exemplo, suponha que José contribuiu por 3 anos pagando 500 reais por mês no primeiro ano, 600 reais por mês no segundo ano e 400 reais por mês no terceiro ano. O valor mínimo de José no quarto ano será 60 reais por mês, pois este é 10% do maior valor pago por José;

8) Em caso de demissão é permitida a "hibernação": o participante não paga, mas este tempo também não entra na contagem dos 10 anos de permanência;

9) Os fundos serão administrados apenas por bancos, fundos de pensões ou instituições financeiras autorizadas pelo BACEN (Banco Central do Brasil). Isto é para melhorar a fiscalização e transparência;

9.a) Os fundos enviarão para os participantes e BACEN todas a informações relevantes de desempenho. Informações públicas serão disponiblizadas na Internet enquanto informações que o BACEN considere de caráter sigiloso serão enviadas apenas para os participantes e o BACEN, de acordo com normas criadas pelo BACEN;


10) A cada 2 anos 5% dos piores fundos no quesito "rendimento líquido ao participante" serão automaticamente extintos, passando o dinheiro dos participantes automaticamente para os 5% melhores fundos no quesito "rendimento líquido ao participante". A idéia é forçar a concorrência entre fundos e baixar as taxas de adinistração;

10.a) Anualmente é permitida a migração livre e sem burocracias de planos PAI, isto é, se o participante por qualquer motivo estiver insatisfeito com o plano PAI do banco Y, ele pode após um ano, migrar para o plano Z (mas terá que ficar 1 ano no banco Z antes de uma nova migração);

11) Para evitar a especulação e priorizar o longo prazo e a responsabilidade, os fundos terão que permanecer com uma ação ou título privado por no mínimo 3 meses. Suponha que os administradores fundo PAI do BANESQUINA (o BANCO DA ESQUINA) viram um grande potencial na AMBEV e decidiram comprar a ação hoje. Esta ação só poderá ser vendida depois do dia 26 de dezembro. Sabendo desta limitação os administradores ficam menos sensíveis a boatos e cenários de curtíssimo prazo. Esta medida também deve diminuir os custos de adimistração ( a carga de serviço diminuirá) e os custos com corretagem que são cobrados em cada operação de compra e venda pela BOVESPA.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Proposta #1 - Sistema prisional

O sistema prisional brasileiro está falido. Acho que li em algum lugar que até alguns juízes relutam em mandar certos tipos de criminosos para a cadeia porque sabem que não há vagas, as condições são péssimas e eles sairão bem pior que entraram.

Se por um lado prender custa caro em termos psicológicos, sociais e financeiros, não prender também não é barato porque dá a sensação de impunidade.

O momento eleitoral incentiva a pensar nos problemas brasileiros e imaginar soluções criativas e de custo o mais baixo possível para todos. Para mim, parte da solução é a criação de novas cadeias privadas concorrendo com as cadeias públicas atuais e o preso decidindo livremente se quer migrar para a penitenciária privada.

Os custos e o lucro da prisão privada seriam pagos pelo trabalho do preso que ali cumpre pena. Para evitar concorrência desleal com a mão de obra dos trabalhadores livres, eu imaginei um "mercado de trabalho paralelo" onde a mão de obra, os consumidores e a produção do mercado dos livres não interfeririam no mercado dos presos. É um esboço, um exercício de imaginação e solução de problemas e não sei se a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) aceitariam.

O primeiro passo é saber o que os atores envolvidos no problema desejam:

A população quer:
1.    Que o preso fique um tempo longo na cadeia, mas não se corrompa e saia melhor que entrou;
2.    Que as condições das cadeias sejam dignas;
3.    Que o custo para a sociedade de manter o condenado preso seja o menor possível; e
4.    Que o criminoso pague pelo crime e pela estadia na cadeia

O Poder Judiciário quer:
1.    Que as condições das cadeias sejam dignas;
2.    Que existam cadeias suficientes para todos os condenados, sem superlotação;
3.    Que o custo de manter o condenado preso seja o menor possível; e
4.    Que o preso saia do sistema prisional melhor que entrou.

A empresa e o investidor privado querem:
1.    Mão de obra barata;
2.    Boas oportunidades de negócio;
3.    Melhoria na segurança pública; e
4.    Ambiente de negócios estável, previsível e com risco controlado.

O criminoso quer:
1.    Que as condições das cadeias sejam dignas;
2.    Que a sua saúde e condição física não seja degradada durante o período na cadeia;
3.    Que não fique estigmatizado quando terminar de cumprir a pena e sair da cadeia e
4.    Que as condições do sistema prisional sejam dignas;

Os trabalhadores e sindicatos querem:
1.    Melhores condições de trabalho;
2.    Não fazer trabalhos chatos e repetitivos; e
3.    Que os presos não concorram com os livres no mercado de trabalho

Os defensores dos Direitos Humanos querem:
1.    Que os presos tenham condições dignas nas cadeias;
2.    Que os presos não sejam obrigados a trabalhar (ausência de trabalhos forçados);
3.    Que sua saúde e condição física do preso não seja degradada durante o período na cadeia; e
4.    Que o preso não fique estigmatizado quando terminar de cumprir a pena e sair da cadeia.


De posse de todas estas demandas eu modelei e defendo o seguinte sistema:

(a)    Qualquer empresa ilibada poderia construir e operar uma cadeia privada, em qualquer lugar do território nacional. Junto com a cadeia, esta empresa construiria um ou mais galpões industriais para que os presos trabalhem e paguem pela sua estadia. O lucro da cadeia não viria do governo, mas do uso da mão de obra do preso;

(b)    O Governo não daria um centavo à cadeia privada, mas poderia financiar por meio do BNDES. A cadeia privada fornecerá ao preso segurança, alimentação, saúde e moradia;

(c)    Só poderiam se candidatar a trabalhar nas cadeias privadas os presos com histórico de bom comportamento e que pagam por crimes de baixa periculosidade e sem uso da violência como corrupção e furto.  Presos considerados violentos ou com problemas psiquiátricos não poderiam se candidatar;

(d)    O preso é quem decidiria se prefere continuar na cadeia pública ou na cadeia privada. Um preso pode migrar de uma cadeia pública para uma cadeia privada e vice-versa imediatamente, quantas vezes quiser, num processo rápido e sem burocracia. O custo da transferência sempre será pago pela cadeia privada que usará a mão de obra do preso;


(e)    A cadeia privada pode selecionar livremente os presos que ela quer. O critério de escolha do preso e o processo seletivo será todo feito pela cadeia privada.e o governo e o preso não podem interferir no processo seletivo e nos critérios de escolha;

(f)    A cadeia privada pagaria por todo o treinamento necessário para o preso executar o trabalho, inclusive os cursos de normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, quando aplicável;

(g)    A cadeia privada pagaria um plano de saúde para o preso e sua família;

(h)    O preso receberia um valor previamente acertado com a cadeia privada pelas horas trabalhadas no galpão da cadeia seria renegociado anualmente;

(i)    A cadeia privada não pagaria nenhum imposto ou contribuição aos governos municipais, estaduais ou federais ou mesmo à Justiça pelo uso da mão de obra do preso. Nada de INSS, FGTS etc.;

[o item acima gera uma concorrência desleal com os trabalhadores livres, pois o empresário paga vários benefícios diretos, indiretos e impostos pela mão de obra livre]

(j)    Para remediar o problema da concorrência desleal com os trabalhadores livres, a produção dos presos não poderia ser vendida no mercado interno nem nos países membros do Mercosul (para evitar reclamação dos Hermanos). Todos os produtos seriam exportados;

(k)    Não existiria salário mínimo nem máximo para os presos na cadeia privada;

(l)    O preso não terá contato com o dinheiro na cadeia. O dinheiro do salário seria depositado numa Caderneta de Poupança que seria liberada para saque no primeiro dia de liberdade do preso;

[isto é uma tentativa de evitar que este dinheiro financie crimes e organizações criminosas e ainda garante o poder de compra do dinheiro];

(m)    Mensalmente representantes do Ministério do Trabalho, Ministério da Saúde, Ministério Público e Justiça Federal auditariam e vistoriariam as condições de trabalho e de saúde das cadeias privadas.

(m1) Entidades de Direitos Humanos também teriam livre acesso;

(n)    Cada quarenta horas trabalhadas reduziria a pena em 1 dia;

(o)    A jornada não poderia exceder a doze horas por dia e acima de oito horas por dia a cadeia privada teria que pagar hora-extra de 50%;

(p)    A cadeia privada poderia dispensar o preso a qualquer momento, por qualquer motivo, e o Governo seria obrigado a recebê-lo, exceto pelo seguinte;

(q)    Em caso de doença o preso será sustentado pela cadeia privada até a recuperação total, sem custo para o preso e sem salário. A cadeia privada não pode dispensar um preso doente e devolve-lo ao Governo sem que a saúde do preso esteja em perfeitas condições atestada por, no mínimo, dois médicos do Ministério do Trabalho;

(r)    Em caso de acidentes de trabalho ou mortes, a cadeia privada pagaria indenização previamente definida pela Justiça e este valor seria depositado na Caderneta de Poupança citada acima;

(s)    O preso não pagaria Imposto de Renda pelo dinheiro ganho trabalhando na cadeia privada;

(t)    O preso pode mudar de uma cadeia privada para outra por qualquer motivo (maior salário, melhor condição de “hospedagem”, melhor “ambiente de trabalho” etc.);

(u)    As visitas são liberadas para a família a qualquer momento;

(v)    A única ação contra o preso que a cadeia privada pode fazer seria a dispensa. A cadeia privada não poderia ter qualquer ação contra a indisciplina, baixa produtividade, conspiração etc.além da dispensa;

(w)    O preso não estaria vinculado a qualquer lei trabalhista enquanto estiver cumprindo pena;

(x)    O preso não poderia se sindicalizar enquanto estiver cumprindo pena;

(y)    A cadeia privada e o preso teriam que assinar um contrato de trabalho com todas as regras acordadas entre as partes por escrito, mas nenhuma poderia violar alguma regra acima.

(z)    O contrato terá que ser referendado por um representante do Ministério do Trabalho e um representante do Poder Judiciário.

(aa)    O preso teria direito a assessoria jurídica do Ministério do Trabalho e da Justiça antes de assinar o contrato de trabalho;

(bb)     Os galpões da cadeia privada não poderiam empregar trabalhadores livres.

Acho que funciona. Se tudo correr bem, o mercado de trabalho dos presos funcionará como qualquer mercado onde a lei da oferta e da procura ajusta automaticamente.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Aeroportos



Existirá um lindo dia em que os cientistas descobrirão que as regiões do cérebro responsáveis pela cleptomania e pelo colecionismo são incrivelmente próximas, com uma grande interseção de neurônios. Eu imagino que mais de sessenta por cento dos meus neurônios colecionistas exercem dupla jornada e desejam roubar por puro prazer. 



Toda a vez que eu sento no banco do avião eu tenho dois pensamentos. O primeiro é que se existe uma coisa que não muda nesta vida é o fecho de cinto de segurança de aeronave. O dia que eu descobrir como investir na Bolsa de Valores de Nova Iorque a minha primeira compra serão as ações da empresa que fabrica os fechos dos cintos de segurança da Boeing. Deve ser o melhor negócio do mundo: pouca concorrência, nenhuma evolução tecnológica, mercado em constante crescimento, tudo de bom. Esta empresa deve ser o que os investidores chamam de "vaca leiteira", por provavelmente pagar generosos dividendos.



O segundo pensamento é que eu poderia roubar o cartão de segurança da aeronave e iniciar uma próspera coleção. É uma ideia fixa, maior até que o meu medo de voar e de alguém ocupar o assento do meio. Meus neurônios ficam excitadíssimos com este pensamento atordoante de um criminoso em potencial.

Por pura sorte o anjinho do meu ombro direito nunca permitiu que o diabinho do ombro esquerdo vencesse este conflito, convencendo-me a praticar o furto. Provocador frequente e maldito, o diabinho lembra que, se eu tivesse cedido desde o primeiro voo, teria peças hoje raras como o do MD-11 da Varig ou de um avião da Transbrasil que valeriam um bom dinheiro nos sites de leilões ou, aumentando a coleção e esperando o tempo passar e os crimes prescreverem, fazer uma exposição numa galeria de arte ou até mesmo criar um museu. Existe o museu do Neon e o museu do pinball. Por que não um museu do cartão de segurança?



O anjinho recomenda sossegar, aproveitar a viagem e pegar a revista da companhia aérea para esquecer a compulsão por surrupiar. Fico olhando as pessoas. São sempre os mesmos tipos, independe do destino e da companhia aérea: a velhinha simpática, o casal de férias, uma mãe com um bebê no colo inquieto, uma gostosa com decote e calcinha marcando a calça de tecido fino, o gordo - eu -, o homem de terno, a mulher com uma mala enorme que deveria ser despachada, a comissária com cara de tédio, o marombado que chega por último e viola as leis da física socando a mochila enorme no bagageiro e a adolescente hipnotizada pelo celular.

Pego a revista, a capa é linda e mostra um país exótico. No conteúdo, toneladas de propaganda de produtos sofisticados, churrascarias e hotéis em São Paulo com diária de 170 reais no final de semana. Descubro que uma pessoa que viaja de avião como eu tem um nível econômico bastante elevado e, segundo as propagandas da revista, merece usar perfumes Chanel, relógios Breitling e blusas Michael Kors. Não existem anúncios de produtos populares com que estão disponíveis nas Lojas Americanas. No Brasil ainda resiste a imagem que somente os abundantemente ricos viajam de avião, embora o Galeão já tenha destruído todo o glamour.



Aeroportos brasileiros e revistas de bordo de empresas de aviação representam os maiores símbolos e as maiores provas da existência de uma oculta exploração dos mais ricos. Da exploração do pobre e da classe média todo mundo sabe, mas poucos comentam da exploração dos ricos.

A TV de plasma, quando surgiu, custava uma fortuna, somente os mais ricos podiam comprar. Pelo menos no Brasil. E os ricos, juntos com alguns traficantes de drogas dos morros cariocas, compraram. A indústria se aproveita do fetiche pelo ter, do desejo de status, da vontade de causar inveja, desejos e vaidades para meter a mão no bolso dos mais ricos com um argumento pífio: o valor dos lançamentos seria propositalmente alto e serve para pagar os investimentos em pesquisa e em novos equipamentos, porém este argumento só reforça a tese que os ricos são explorados: por que somente os mais ricos devem bancar maquinário novo e um conjunto de pesquisas se todos se beneficiam? O mesmo se aplica a itens de luxo: a alta costura sustenta os melhores estilistas que tem linhas populares mais baratas e a operadora de TV por assinatura tem um plano popular para favelas, embora o custo do serviço seja basicamente o mesmo do asfalto.

Remédios também são feitos para explorar os mais ricos pois o preço despenca depois que a patente vence e patente existe para, mais uma vez, remunerar as pesquisas e os equipamentos de produção, tornando viável e lucrativa a indústria farmacêutica. Claro que se eu comentar do preço do Viagra provavelmente serei rotulado pelos meus inimigos de reclamão - o que é verdade - e sem muita virilitade - o que é uma absoluta mentira. Pode-se argumentar que o rico está na verdade sendo privilegiado por ter acesso ao remédio antes do pobre, mas na verdade é o oposto: se as patentes durassem mais tempo os custos seriam diluídos e todos os doentes pagariam um preço mais justo e seriam beneficiados antes pelos avanços da medicina.

As pessoas não ligam, não querem nem saber, não é com o bolso delas e dane-se que o primo consumista que comprou a TV de plasma por uma fortuna assim que ela foi lançada no mercado e ficou com um rombo na conta de eletricidade e a imagem borrada meses depois.

Somos programados para não perceber a exploração dos mais ricos. Ignoramos até o dia que  pisamos no território dos ricos, o aeroporto, e descobrimos que um prato com um pouco de purê de batatas e um bife à parmegiana visivelmente descongelado no microondas, sem sabor, sem beleza, sem nutrição, sem valor, sem volume e sem quantidade pode custar mais de quarenta e cinco reais.

Esqueceram de avisar aos restaurantes dos aeroportos que as classe média e baixa hoje viajam de avião. Se eu contar que a loja mais barata que vendia a boneca da Ariel da coleção Animators’ ficava no Aeroporto de Orlando alguém acreditará?