sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Hábitos

Um dos hobbies prediletos dos habitantes do grande Rio de Janeiro é emporcalhar a cidade onde vive. Acho engraçado que, quando mostramos fotos do dito Primeiro Mundo, sempre tem alguém que comenta "Olha! Não tem um papelzinho no chão". Deveria ser assim por aqui também; não é por falta de garis ou ineficiência da Comlurb. É povo porco mesmo.

O ano não poderia ser rompido (Setenv modo_duplo_sentido off rápido) sem a fina iguaria de sujar tudo com aquela maldita chuva de papel picado. Felizmente esta parece estar caindo em desuso, mas ainda há focos de resistência.




Por fim a última fila de metrô do ano...

Registros do Natal





terça-feira, 27 de dezembro de 2011

2012 será o ano da China - parte 3

Vamos continuar falando dos reflexos do crescimento da China. Uma das primeiras falas de Glenn Close em  "Atração Fatal" (1987) - filme que até hoje deixa muitos amantes morrendo de medo - perguntava a Dan Gallagher, personagem de Michael Douglas, que segurava um guarda-chuva que acabara de quebrar durante uma chuva inesperada:

-O seu guarda-chuva foi fabricado em Taiwan?

A frase original era uma afirmação e na época ocasionou um certo constrangimento na Ásia: "The umbrella must have been made in Taiwan".

No passado, os produtos japoneses eram conhecidos pela baixa qualidade. Akio Morita, fundador da Sony, em seu livro "Made in Japan" relata como se sentia envergonhado quando reclamavam da qualidade dos produtos japoneses. Isto ocorreu no pós segunda guerra, nos anos 1950. Nos anos 1980 o Japão já apresentava uma qualidade equivalente a Norte Americanos e Alemães, com um preço muito melhor e o vácuo de fornecedor global de quinquilharias baratas e de baixa qualidade foi preenchido por dois novos atores: Coréia do Sul e Taiwan e o fala de Alex Forrest, personagem brilhantemente interpretada por Close, nos ajuda a lembrar desta época.

Atualmente o quarda-chuva vagabundo está sendo fabricado na China e é tão grande que não me surpreendo se ela ocupar os dois papéis neste teatro do comércio internacional, fornecendo produtos de alta tecnologia e quinquilharias baratas. Há espaço para todos e a lógica o é lucro.

O mundo ocidental acompanha um processo de mais de 50 anos de desindustrialização. Este fenômeno se acelerou a partir da segunda metade dos anos 1980, com a abertura econômica da China. Hoje, nas gôndolas dos supermercados dos EUA, com exceção de produtos de higiene, limpeza e alimentares, é difícil encontrar um objeto que não seja fabricado na Ásia. Economistas e políticos da América do Norte dizem que estão migrando para uma "Nova Economia", com foco em produtos e serviços de alta tecnologia. Esta crença parte da suposição que a Ásia nunca desejará ou conseguirá produzir melhor e mais barato estes "produtos e serviços de alta tecnologia" e empresas como a Huawei desmistificam este pensamento.

Uma vez desindustrializado, a pergunta que se forma é o que podemos esperar do resto do mundo em termos políticos e econômicos, sabendo que um está fortemente entrelaçado com o outro. Se não há espaço para fábricas, a atividade econômica dos países que não dominam alta tecnologia que resta é o fornecimento de matérias-primas para as fábricas da Ásia e a disparada dos preços destes produtos a partir de 2002 cria a ilusão que estamos fazendo um ótimo negócio e no caminho certo. Ilusão porque só é bom no curto prazo e porque é politicamente desastroso.

No longo prazo, a desindustrialização do país força-o a migrar para os setores primários: mineração e agricultura. São setores que não geram muitos empregos, principalmente com a queda do preço das máquinas fabricadas na Ásia. Com máquinário mais barato, o empresário é estimulado a substituir parte das atividades executadas tradicionalmente por homens.

O maior empregador privado do Brasil foi uma fábrica de automóveis nos anos 1980 e hoje é uma rede de lanchonetes Fast Food.

Politicamente o cenário é pior: como Estados mais industrializados costumam eleger políticos mais modernos, com a desindustrialização destes Estados a população tenderá a escolher políticos mais conservadores. Ironicamente a China, menina dos olhos de muitos militantes de esquerda, está fazendo o Brasil ficar um pouco mais à direita.



domingo, 25 de dezembro de 2011

Contos de Natal

Uma vez, quando eu era criança, a minha mãe comprou uma bíblia enorme e inútil. O problema estava no fato deste exemplar ser feito para enfeitar e não para ser lida e estudada, um típico objeto de decoração das salas de famílias católicas do subúrbio do Rio de Janeiro. Era uma edição em capa dura preta, com fotos de pinturas de grandes mestres europeus (provavelmente da época do renascimento ou até anterior) que retratavam passagens importantes, como o profeta Daniel numa cova infestada de leões e Santa Ana encontrando Santa Maria grávida de Jesus. As pessoas deixavam o sagrado objeto aberto, normalmente na página que tinha o Salmo 23, em destaque numa estante e ninguém lia, principalmente por estar escrita em um português arcaico. A editora só queria ganhar dinheiro e sabia que ninguém leria o livro e "deixava rolar", isto é, não promovia uma atualização do texto ou usava uma versão mais moderna, como a Bíblia de Jerusalém.

Aquela edição da Bíblia deveria custar uma pequena fortuna, porque a minha mãe pagou em suaves prestações. Junto veio um outro livro de brinde, uma coletânea de contos de Natal. Lembro que tinha até um do Machado de Assis. Nunca fui estimulado a ler o livro. Nunca fomos estimulados e ler romances ou alguma literatura de prazer. Só éramos estimulados a ler livros técnicos e jornais. Recebemos uma típica educação proletária, onde o foco era arrumar um emprego estável o quanto antes. O resultado? Dos 6 filhos da dona Dalva, 6 trabalham em estatais ou são servidores públicos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Chegamos ao final do ano e ao cem.

A ideia inicial era fazer um relato do crescimento da Mariah. Já pensou que legal seria contar desde o momento que aquela tira de farmácia apresentou os ansiosamente esperados dois tracinhos vermelhos ao entrar em contato com a nobre urina da Luiza grávida? No entanto só tivemos este projeto familiar no início do ano de 2011 e partimos para os trabalhos e fotos.

Ocorre que tudo sempre distorce e um plano nunca é rigorosamente cumprido. E além de relatar a vida da Mariah aproveitei para escrever de tudo um pouco. Duas regras eu procurei seguir: adicionar sempre que possível imagens às postagens e textos curtos porque o público atual que usa a Internet não tem paciência para ler artigos muito longos e densos. Isto me lembra o meu amigo Bulha, que ao descrever um certo curso superior dizia que era "amplo como o oceano Pacífico, porém com a profundidade de uma piscina de criança"

Esta centésima postagem me enche de alegria, sem hipocrisias. Consegui melhorar a minha redação e a minha capacidade de expressão, consegui comover e ser comovido. Consegui comover o Google, que me enviou pela primeira vez na minha vida uma carta e colocou o E66.8 como terceiro retorno na sua pesquisa.




Cem postagens num ano dá uma mensagem nova a cada 3,6 dias! Nem eu imaginaria que fosse possível em Janeiro de 2011.


Aos meus silenciosos leitores, um feliz ano novo com muita paz, muita alegria e harmonia!

Feliz Natal

Para todos os meus silenciosos seguidores eu desejo um feliz Natal com muita paz e alegria. Jesus, o nosso Salvador, veio ao mundo para nos ensinar a amar, respeitar, buscar sempre a paz e a justiça.

"Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?" (Gálatas 4:16)

2012 será o ano da China - parte 2

Outro dia estava lendo uma reportagem especial sobre o dr. Ulysses Guimarães (1916 - 1992) escrita pelo jornalista José Bastos Moreno e publicada no jornal O Globo. Ela contava a viagem oficial que Ulysses fez à China. Comercialmente o Brasil queria vender carros e os chineses, petróleo. Como o mundo é dinâmico! Hoje não passa um dia que eu não veja um carro chinês rodando na cidade do Rio de Janeiro e a China se tornou um feroz importador de petróleo.

O gráfico abaixo mostra a cotação de três commodities importantíssimas no comércio global: cobre, ferro e petróleo. Reparem como o Lula é sortudo: os preços das commodities dispararam a partir de 2002, ano da eleição do Lula.


Até o Lula entrar, uma tonelada métrica de cobre custava uns 2200 dólares. Hoje está em quase 10.000 dólares.





Até o Lula entrar...





Sem comentários. O danado subiu de menso de 30 dólatesqua
Mas o mago desta ereção financeira não se chama Luiz Inácio Lula da Silva, o mago é o dragão chinês. Lula foi um surfista que aproveitou a onda chamada China.

Vendo os gráficos é mais fácil bater em dois mitos: o primeiro foi que a privatização da Vale foi "criminosa". Não sei se os métodos de venda foram os melhores, se houve ou não corrupção, mas tecnicamente o preço do minério de ferro em 1997 (ano da privatização) estava baixo e estável desde 1993. É bem provável que a empresa tivesse problemas financeiros, o que justificaria o valor de venda baixo da empresa. O governo simplesmente foi azarado porque quem comprou viu o preço do minério de ferro disparar a partir de 2002. Analisar a venda da Vale sem também olhar pelo lado da cotação das commodities metálicas é má fé.

O segundo mito foi de que o Lula é um gênio. Predestinado pode até ser, ele realmente pegou a ecomonia numa situação muito boa para os fornecedores de matéria-prima, como o Brasil. A arrecadação de impostos disparou e os dólares das exportações fizeram a economia fazer a festa. Porém sem a onda provocada pelo dragão chinês, Lula conseguiria fazer um governo pior que o do Fernando Henrique Cardoso.

E se a China diminuir o ritmo de crescimento ou mesmo quebrar? A China é um grande consumidor de matérias-primas: ferro, alumínio, cobre, petróleo, soja (para alimentar animais), fertilizantes etc. O apetite da China é grande, crescente, mas não é ilimitado. Se a China diminuir o ritmo de crescimento - e ela tem que diminuir - o preço das commodities despencará bonito. O valor das empresas que vivem de fornecimento de matéria-prima vai despencar. Petrobras, Vale, Bunge. Não ficará pedra sobre pedra.

E é este cenário que eu vejo em 2012. Estou bem pessimista. E olha que eu supersticioso e adoro anos pares e odeio anos ímpares.

Vá com Deus, 2011. Eita aninho ruim!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vida de Papai Noel

- Mariah, minha filha, o que você vai pedir ao Papai Noel?
- Um Lava Lava da Homeplay.
- O que?
- Um Lava Lava da Homeplay! - quase gritando, mas na verdade não é que nós estamos ficando com a audição debilitada; é porque nos surpreendemos.



É assim: você primeiro paga uma TV por assinatura para entreter a filha pequena com os inocentes e politicamente corretos (até demais) desenhos do Discovery Kids e de brinde leva toneladas de anúncios de fábricas de brinquedos até então desconhecidas.
Passam uns dias. Luiza, a terrorista do Natal, diz que não encontrou o brinquedo na Casa & Vídeo da Praça Saens Peña e...
- Tenta na Casa & Vídeo da Urugaiana!
Papai Noel deixa de almoçar - tarefa hercúlea para um E66.8 - e toma de procurar o tal brinquedo. Homem não gosta de pedir informação e isto tem um custo. O custo de perder tempo procurando o Lava Lava feito um doido. Vencido, humilhado e sucumbido pelos fatos, pergunto a uma funcionária magrinha pelo objeto tão desejado. Por que no comércio normalmente os gordos ficam no caixa e os magros ficam repondo e arrumando as mercadorias?
- Eu vi um Lava Lava perto do elevador.
Era o último da loja. Me senti mais que vencedor, como diz a música evangélica. Chego no caixa para pagar e o Lava Lava é o meu troféu.
- Esta caixa é muito grande, não dá para colocar no saco.
SETENV MODO_DUPLO_SENTIDO OFF
- Não tens saco maior?
- Não. Vou colocar uma tarja.
Tarja é um saco menor dobrado e preso com fita. Antigamente diziam que era para indicar aos seguranças da loja que você pagou e não roubou.
- Papai Noel leva o trombolho então para o trabalho, porque Mariah ainda não pode saber como é mundano a forma como as crianças recebem os presentes. Não há renas nem duendes, há Mastercard, Visa Elétron e dinheiro vivo.
Chego no trabalho e faço um arranjo ilógico para o brinquedo entrar dentro do armário branco asséptico. No meio do processo, a minha coordenadora arregala um olho enorme. Parece que aquelas bolas de gude castanhas saltarão no meu colo. Pensei que ela fosse reclamar de eu estar colocando objetos pessoais num móvel corporativo.
- Você está criando uma dona-de-casa!
- Mas foi ela quem pediu!
- Você tem que educar a sua filha para a vida! - discursa com aquela voz dramática e contundente que só os pernambucanos possuem.
No advento dos 40 anos eu ainda perco parte do meu final de semana abastecendo uma Electrolux LE750 para deixar a minha indumentária e da minha família com cheirinho de alfazema. Que mal tem brincar de lavar roupa?
E ficou no trabalho dias. Ontem levei para casa. Pega o 229, fica imprensado pelo brinquedo a viagem toda, tira um cochilo na altura da C&A, acorda, passa uns pontos e salta. Ladeira acima. Ladeira abaixo. Cheguei.
- Mariah está acordada. Jogarei a chave do carro.
- Quero ver papai!
- Não! Agora não dá.
Abro a garagem, abro a mala do carro e escondo a fina peça. Só falta embrulhar. Não sei como o Papai Noel ainda consegue ser gordo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

2012 será o ano da China

Anotem aí!

Anotem aí!

2012 será o ano da China. Da quebra da China.

Simplesmente não dá para crescer 10% ao ano indefinidamente, principalmente com a Europa e os Estados Unidos em crise econômica. Não dá para ampliar a oferta de energia elétrica 10% ao ano por muito mais tempo.

Não há água suficiente. O consumo predatório dos rios já conseguiu a façanha de fazer um dos principais rios da China, o Amarelo, simplesmente secar antes de desaguar no mar. O rio literalmente secou. Não é piada nem alarmismo, são fatos.

Clique no link acima e lerá que:

"O Rio Amarelo após fluir ininterruptamente por milhares de anos, em 1972 deixou de chegar ao mar por 15 dias. Desde 1997, ele chega de forma interrupta à Província de Shandong, a última que atravessa no seu percurso rumo ao mar e que é a mais importante região agrícola do país. Ela produz um quinto do milho e um sétimo do trigo chinês. Metade da água de irrigação vinha do Rio Amarelo, e metade de um aqüífero (fóssil) que cai 1,5 metro por ano!"


Sim, dependendo de como a China fizer este pouso, o mundo pode quebrar junto. De certo as empresas e países fornecedores de commodities (minério de ferro, petróleo, soja etc) sofrerão muito.


Realize o prejuízo, venda as suas ações e compre títulos do tesouro com juros pós-fixados. Depois é só acender um charuto e ficar assistindo The History Channel no sofá.

A grande vila militar

Nos Estados Unidos é aquilo que vemos em filmes e seriados na TV: bandeiras hasteadas nas casa, estendidas deitadas no alto dos galpões, concorrendo com as pontes rolantes e pessoas vestindo camisas que são bandeiras estilizadas e até rostos pintados com com vermelho, azul e branco.



Na primeira vez que eu estive nos Estados Unidos eu conheci um representante comercial brasileiro que constantemente viajava para lá. Não lembro como o assunto chegou neste ponto, pois foi aquela conversa mole sem pretenções dentro de um ônibus fretado que nos levava para um evento, porém uma parte da conversa me marcou e ficou na memória mesmo depois de quase cinco anos:

- Isto aqui (os EUA) é um grande quartel! Você olha as cidades, pelo avião, e tudo se assemelha a uma grande vila militar: as casas sempre são brancas com telhado cinza e na frente um gramado impecável. Quase todas estão equipadas com armas de fogo. A maioria dos executivos prestaram serviço militar em alguma guerra, em algum lugar do mundo, e os pilotos da Delta, United, American, todas elas, aprenderam a arte na Marinha ou na Força Aérea. Eu sempre digo, quando vou conversar com um cliente novo norte-americano, como quem não quer nada, que eu fui oficial da Marinha do Brasil e é impressionante como as portas se abrem e o comportamento do cliente muda completamente, como se fôssemos amigos de longa data, companheiros de caserna. A regra de ouro aqui é então se comportar sempre como um bom soldado. Se você estiver em dúvida de como se comportar em alguma situação nos Estados Unidos, simplesmente imagine que tu és um bom soldado e quase sempre obterás suceso.

Esta bela mulher quase foi vice-presidente dos Estados Unidos

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ampulheta


Terça-feira passada (13-12-2011) eu, sem querer, deixei cair o meu celular que estava no bolso da camisa e se desmontou todo. Não foi a primeira vez que isto aconteceu e era só questão de montá-lo de novo e a Nokia mostrar mais uma vez como são robustos os produtos desta marca, no entanto, em questão de milissegundos, acidentalmente pisei no display e o barulho do aparelho quebrando não sai da minha mente.

Voltei para casa só com o chip no bolso da carteira pensando que iria gastar uns 200 reais para comprar um celular novo. Bem, no “Boa Dica” há ofertas de celulares por menos de 50 reais. Imagino a qualidade. Neste meio tempo estou usando um celular chinês que eu comprei para a Luiza e é tão ruim que foi deixado de lado. É um autêntico  pato, daqueles que tem um pouco de tudo e não faz nada bem feito. Para piorar as coisas o plugue do carregador não faz mais contato e quando a bateria se esgotar será a morte definitiva. O indicativo de carga da bateria já perdeu uma barrinha. Parece uma ampulheta cibernética. Acho que eu na hora do almoço eu irei ao caixa eletrônico sacar R$ 50.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ballet

Na segunda, 12-12-2011, fomos presenteados com a apresentação da turma do ballet da Mariah. Ela, linda, ficou bem diferente com o cabelo preso e com gel. Todas ficaram bem diferentes, principalmente a Juliana.





Mamãe chorona deu uma rosa de presente.

Entrega dos presentes








Foi na casa da Luciana Trotta, no sábado passado. O Luiz, marido da Luciana, nos proporcionou ótimas gargalhadas. Nada como um amigo engraçado.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Jaboticaba elétrica

Se existe uma aberração que ninguém fala neste país ela se chama chuveiro elétrico.

O chuveiro elétrico é perigoso, feio, fornece um banho de má qualidade e encarece o sistema de distribuição elétrica. A única vantagem é que ele é relativamente fácil e barato de instalar. O perigo e o horror estético não preciso comentar pois é evidente. O banho é de má qualidade porque ele esquenta menos que um aquecedor a gás e fornece uma vazão de água menor. Mas por que ele encarece o sistema de distribuição elétrica?

A maioria das pessoas toma banho no chamado "horário de pico", que vai das 17h às 22h. O consumo de um chuveiro elétrico é um absurdo. O modelos mais populares consomem aproximadamente 5500 Watts, entretanto existem modelos de 8000 Watts. Para comparar, uma geladeira consome 200W e um aparelho de ar condicionado de 7500btu 800W.

Para fornecer tanta potência ligada ao mesmo tempo as distribuidoras são obrigadas a usar fios mais grossos e instalar transoformadores enormes nos postes. Esta fiação ficará ociosa na maior parte do tempo (das 22h às 17h do dia seguinte). Se o periodo for de seca e os reservatórios estiverem baixos, as usinas térmicas operando com combustíveis fósseis serão acionadas para complementar a oferta de energia e a eletricidade gerada por termelétricas é mais poluente e cara. Tudo isto tem um custo e quem paga é a sociedade, embutida na conta de luz, ou seja, quem paga é tu, mesmo que  não tenhas em casa um chuveiro elétrico.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O Siri e o Windows 7

Eu sempre fui meio reativo com os sistemas operacionais da Microsoft que sucederam o XP, que eu acreditava que era uma obra-prima, pelo menos em comparação com o Windows 95 e o Windows 98. Quando surgiu o Vista e começaram as críticas contundentes eu tive aquele orgasminho que só ocorre com quem defende uma ideia sozinho e os fatos futuros mostram que estava certo.

E tudo ia muito bem e estável. O computador usava ainda uma placa mãe de 2005, mas o Windows XP funcionava redondo naquela plataforma obsoleta. Porém passamos férias nos Estados Unidos no ano passado e compramos um laptop da HP que já estava com o Windows 7 instalado. Este sistema operacional oferece uns mimos interessantes para o usuário comum e um recurso que adoramos foi a mudança automática do papel de parede. É só escolher uma pasta entupida de fotos e definir o tempo de permanência da imagem. Como a gente queria relembrar momentos e viagens, ajustamos para trocar a cada 30 segundos. Vencida a teimosia, instalei o Windows 7 quando modernizei o desktop.

Um dia a Luiza pediu para mudar a pasta porque estava cansada de ver as mesmas fotos. Escolhi então uma enorme com as fotos da Mariah até o batizado e ali estão várias com ela no chão da sala, se divertindo com brinquedos que não são mais para a idade dela e por isto foram doados para outras crianças quando ela cresceu. "Que brinquedos são estes?" E com jeitinho a gente vai explicando. "Eu dei para a Dandara". Realmente alguns foram para a vizinha mais nova. Aí muda a foto e aparece o Siri! O Siri foi o brinquedo que a Mariah mais gostou quando tinha menos de um ano. Ela amava o Siri, mordia o Siri e sacudia o Siri. Não tivemos coragem de doá-lo. O Siri fica porque não se separa de quem faz parte da família!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Altíssimo gosta de mim

Faz algum tempo que a gente está precisando fazer obras no nosso apartamento. O imóvel é de 1952 e a cozinha ainda é praticamente original, com aquele revestimento de ladrilhos quadrados e amarelos de 10cm de lado. Mas como fazer uma intervenção profunda na cozinha com uma idosa e uma criança morando no imóvel? Um arquiteto disse que é como trocar um pneu com o carro em movimento. Bela comparação.

Mas aí entra o toque divino que sempre ajuda a minha família nos momentos que ela mais precisa: o meu irmão número cinco comprou um imóvel a 250 metros do meu prédio e ele vai receber as chaves agora, dia 07, e vai nos emprestar o imóvel para fazemos a obra em paz e, como todos sabem, o mundo é bem pequeno, apesar de morarem mais de sete bilhões de humanos.

O casal que vendeu o imóvel para o meu irmão tem uma filha que estuda na mesma escola que a Mariah. Nunca te vi, sempre te amei. E o mais engraçado é que a mãe da menina está fazendo o inventário da casa da minha mãe, ou seja, as cópias da minha identidade e da minha esposa já estão no apartamento novo.

Luiza já conseguiu entrar no novo cafofo provisório para "ver qual é" e Mariah ainda ganhou um lanche. Depois eu é que sou o curioso.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Amigo oculto

Até ela nascer nós éramos desconhecidos. Um casal como qualquer outro que compra pão na padaria, vai ao supermercado, sai de carro no final de semana, caminha de mãos dadas na calçada e corre para atravessar a rua com o semáforo quase abrindo para os carros.

É bom ser normal e desconhecido e andar no meio da minha rua quase sem movimento, mas ela nasceu e nos deu o conceito de vizinhança, de comunidade. Na padaria todos conversam com ela e o vizinho de frente deu um bambolê de lembrança. Mariah, com a sua força incomparável, devolveu o sabor agradável de subúrbio que a Tijuca parecia ter perdido. Descobre-se então que outras pessoas queriam também sentir este sabor, interagir positivamente com os vizinhos e não só tolerá-los e fazer alguns deles amigos.

Luiza está promovendo uma brincadeira de "Amigo oculto" com os coleguinhas da escola e o sorteio será no nosso apartamento. As crianças estão ansiosas por brincar e conhecer a casa da Mariah. Não sei se vai dar tanta gente lá em casa. Vamos aproveitar para comemorar os nossos 11 anos de casados com os nossos amigos vizinhos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Williamsburg

"1980: O seu computador pessoal era o seu cérebro"

"1954: você toleva a segregação nas escolas"

"1940: você não assistia TV"

"1920: você aceitava que as mulheres fossem proibidas de votar"

"1913: você não pagava imposto de renda e não recebia nenhuma seguridade social"

"1865: você conhecia pessoas que eram donas de outras pessoas"

"1820: você não podia viajar por terra mais que 70 milhas por dia"

"1800: quase tudo que você comia era colhido nas proximidades"

"1790: o seu jornal mais recente era de mais de uma semana atrás"

"1776: você estava sujeito à sua majestade, o rei"


Na cidade de Williamsburg, no Estado da Virgínia, um hotel e um centro de informações turísticas foram construídos num terreno ao lado do sítio histórico, porém separados por uma estrada. Foi edificada então uma passarela e a ideia era fazê-la um "tunel do tempo". Colocaram então placas no piso da passarela para criar o clima.

Reparem que os comentários da vida no passado eram sempre negativos (tirando o fato de não se pagar imposto de renda).